sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira 02/10/08



(Foto por Guto Zafalan)
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Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=d6e7512
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"Era dia, e era bonito
Floria o chão de um absinto inebriante
– Vi que eram os pelos da terra que se eriçavam
ao meu toque.
Assim, me vi lambendo as pedras...
(Os seios de Vênus
com calcinha D’Millus)

Um torpor estranho
Meio casca
meio
Árvore
Tomava conta de meus dedos,
Que trêmulos encravava no chão.


Nunca me senti tão raiz

E tão fecundo


Cogitei ser quase assim
O fim do mundo
Ou início do paraíso...


A transmutação,
Uma abrupta passagem
uma hermética viagem
de Fera a Planta!

O broto gozozo
Que saía de minhas espinhas
E verdejava a fronte
Me situava a forma...

Dizem que o corpo fala
Este meu canta
Geme

Sem a nada dever

Uma dose de prazer
Carno-vegetal
Soava de meus galhos...
Pingava no absinto
Pingava amor, sêmen
Pingava Eu!

E aos poucos, de tanto me amar,
Amava as pedras

(Assim compreendi como nascem as plantas)

Então senti que a terra urrava
De êxtase e de dor a cada verbo que nascia...

Som agregado de água e sal

Eis aqui minha pena
Eis aqui meu rádio"


Pois é, Poesia de Michel de Lucena Costa, trechos do poema Carne Verde. Michel Costa é paraibano de João Pessoa, nascido no ano de 1983. É instrumentista, compositor de letras musicais e poesias....o que confere as suas letras uma intensidade poética e aos seus versos uma musicalidade peculiar... Michel começou cedo na arte: aos dezesseis anos casou-se com o violão popular. Em 2000 passa a estudar violão clássico, e , a partir daí, sua vida começa a ser preenchida por experiências mistas: hora clássicas, hora populares, num balaio de sonoridades e técnicas. Desde sempre participou de festivais e concursos como o Projeto Seis & Meia, em João Pessoa, e o Festival de MPB do SESC – Todas as Tribos, em 2006 e 2008, também em João Pessoa . Atualmente é estudante de letras da Universidade Federal da Paraíba e professor de violão em escolas de música na cidade. Toca com Maria Juliana e Banda, numa parceria que transcende a esfera musical.
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Quer mais?
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CRÉDITO: "Litúrgica", Zé Ramalho.

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