sábado, 23 de agosto de 2008

quinta-feira, 21/08/08


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*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=8c48736
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"Quando vem a primeira trovoada
A magia do verde enfeita os montes
A espuma de sapo pelas fontes
Pinta um quadro na margem da estrada
A fumaça da broca mal queimada
Forma torre num vácuo da colina
As aranhas espalham serpentina
Na ramagem do bosque mais deserto
Seu projeto tem tudo pra dar certo

Uma loja de renda de campina
Um besouro enfeitado de metal
Apresenta seu quadro pitoresco
Revirando um cocô ainda fresco
Desprezado no canto de um curral
Uma farda de gala especial
Ele exibe depois da trovoada
Sua túnica brilhosa e desenhada
É bonita, perfeita e é moderna
Só retorna ao destino da caserna
Quando deixa a comida preparada."
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Pois é, Poesia do grande Manoel Filó, intitulada “A Vinda da Chuva”. Manoel Filomeno de Menezes, o Manoel Filó, nasceu no dia 13 de outubro do ano de 1930, no município de Afogados da Ingazeira. Chegou a morar em São Paulo, Recife, Paulo Afonso, Monteiro e Arcoverde, tal qual um cigano, inquieto, Cidadão do Nordeste. Empresário por profissão, poeta por amor e vocação, dividia a vida entre as autopeças e os versos, mas seus amigos e familiares, bem sabem que é da poesia que ele vivia, ou pelo menos vivia por ela. Voltou ao leito do rio Pajeú, onde nasceu, para descansar para sempre. Há exatamente três anos, Manoel filó mudou-se pela última vez, desta vez, para uma morada definitiva...
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Quer mais?
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CRÉDITO: "Arretação", Mestre Salú, CD Sonho da Rabeca;

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

quinta-feira 14/08/08





(Poeta Felipe Júnior e poeta Altair Leal)
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* Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=94127e5
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“Vamos contar uma história,
bem ao redor da fogueira?
vamos passar o anel, comer milho,
contar mentiras, falar besteiras.

vamos contar histórias.
vamos puxar da memória
algum fato acontecido.
do vizinho, do irmão,
do pai, do marido,
do amigo do lado,
algum fato engraçado,
que mereça ser contado.

vamos contar histórias.
história da corochinha,
saci pererê, negrinho do pastoreio,
comadre fulorzinha
as mentiras da vizinha
os gritos que zé levou,
a surra que a mãe deu,
um causo que aconteceu...
olha a centelha subindo,
as idéias vindo,
as lembranças surgindo.
deixa queimar a fogueira
deixa queimar a madeira,
deixa queimar.
vamos contar histórias,
vamos, vamos contar!”
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Pois é, Poesia "Vamos Contar Histórias", de Altair Leal. Nasceu na cidade de Limoeiro, em Pernambuco, no ano de 1960 e criou-se pelas ruas de Olinda, Recife e Paulista. É poeta completamente imerso no mundo literário: membro da União dos Cordelistas de Pernambuco (UNICORDEL), da União Brasileira dos Escritores em Pernambuco, da Academia de Letras e Artes de Paulista, do Coletivo Oroboro e do grupo Invenção de Poesia no Recife. Escreve versos desde que se entende por gente, e acredita que a poesia reflete o momento no qual o poeta se encontra. A viola de seu tio é que inspirou-lhe a vontade de escrever cordéis e versinhos matutos. No entanto, quanto à forma e conteúdo sua poesia é diversificada, às vezes livre, às vezes metrificada, rimada, matuta, marginal, sensual, social.
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Quer mais?
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CRÉDITO: "Caipira Ma Non Troppo", por Carlinhos Antunes, CD Mundano.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


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(Foto por Wellington de Melo)
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* Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=73b140c
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“Vim para ficar
não tenho parte com as coisas transitórias.
sou imanente inconsútil estrutural sou interiça: talharam-me
[de umapeça só
deram-me um nome
e uma cor secreta que adivinho em sonhos
daí que carrego uma saudade nos olhos que me faz parecer
[um calendário sem tempo.

Cheguei pra ficar.
Minha permanência perturba tua transitoriedade sem raízes
descompassa teus passos sem compromisso com o chão que
[me retém.

Os que não me sabem me adivinham marco fincado
entre estradas partindo para onde não sei
estática rosa dos ventos para tua face instável e fugida.”
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Pois é, Poesia de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo, intitulada “Do Vir e Do Ficar”, contida no livro “VerdeVida”, do ano de 1976. Maria do Carmo nasceu no Recife, no dia 21 de julho de 1924. Passou a infância no antigo Engenho da Torre e no Rio de Janeiro, rodeada por seus 12 irmãos. Casou-se com o engenheiro e fotógrafo professor José Otávio de Melo, com quem teve oito filhos e estes lhe trouxeram dezesseis netos.... Católica praticante, a fé esteve presente não só na vida prática, mas nos versos poéticos. As letras acompanharam-na por toda a vida...hora no jornal impresso, onde mesclava arte e informação, hora nos seus livros recheados de poesias sensíveis e expressivas... Vencedora de diversos prêmios literários, a poeta ocupava a cadeira de número 29 na Academia Pernambucana de Letras. Maria do Carmo nos deixou a pouco... no dia 23 de julho, entregou-se ao mundo invisível da poesia eterna, onde, certamente, encontrou aquEle a quem devotou tamanha fé, e um teatro celeste lotado de poetas felizes por recebê-la.
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Quer mai?
Toma: http://www.mariadocarmobcm.com.br/
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CRÉDITO: "My Way" - Frank Sinatra

(música predileta
da poeta,
secreto afeto
cedido por sua neta...)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

quinta-feira 31/07/08


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"Não há mais Gandhi.
Não há mais branco.
Não há mais Francisco de Assis
Que não seja aquele do bar.

As lágrimas são a água
Da pobre gente abandonada
Nos sertões da terra árida
E nos sertões dos corações.

A cabidela humana é farta.
Os corpos lavados em sangue.
A comum ossada coberta com fina camada de pele.
Eis os pratos servidos aos sádicos e alheios ao sofrimento dos outros.

Vedes a vida que tem como objetivo a morte.
A morte de quem só quis a vida.
A dor dos que são oprimidos pelo que são.
O grito mudo dos que também são oprimidos pelo que não são.

As pernas que só caminham com muletas;
Muletas que dominam os caminhos e suas nuances
Bem mais que as próprias pernas."
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Pois é, Poesia de Vanessa Sueidy, intitulada “Desencanto”. A jovem poeta de 25 anos é também jornalista, publicitária e atriz. Participa do recital itinerante “Um Bonde Chamado Poesia”, do Festival Recifense de Literatura, em 2005 e 2006. Coordenou o “Afogados em Poesia”, encontro mensal de poetas na Biblioteca de Afogados, nos anos de 2006 e 2007. A Marginal Recife 5, coletânea poética lançada pela Prefeitura da Cidade do Recife, tem em suas páginas os versos maduros de Vanessa Sueidy... versos que gritam, suavemente, por amor e por insatisfação diante dos problemas que afligem a humanidade.
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CRÉDITOS: "Agreste" - André Geraissati, CD Brasil Musical.