sexta-feira, 30 de maio de 2008

quinta-feira, 29/05/08


( xilogravura de Guaipuan Vieira)
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O povo me chama grande
E como de fato eu sou
Nunca governo venceu-me
Nunca civil me ganhou
Atrás de minha existência
Não foi um só que cansou.
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Há homens na nossa terra
Mais ligeiros do que gato,
Porém conhece meu rifle
E sabe como eu me bato,
Puxa uma onça da furna,
Mas não me tira do mato.
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Pegar cobra como eu pego
Quando ela quer me morder,
Cascavel com sete palmos,
Só se Deus o proteger,
Mas eu pego quatro ou cinco
E solto-a, deixo-a viver.
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Que é para ela saber,
Que só eu posso ser duro,
Eu já conheço o passado,
Nele ficarei seguro,
Penso depois no presente
Previno logo o futuro.
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Pois é, Poesia de Leandro Gomes de Barros, trechos do Cordel “O Rei dos Cangaceiros”. 2008 marca os 90 anos da morte deste poeta que escreveu centenas de folhetos e inspirou o romance armorial “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Leandro Gomes de Barros nasceu no município de Pombal, na Paraíba, no ano de 1865. Residiu depois em Jaboatão, Vitória de Santo Antão e Recife. Um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, declamadas e vendidas pelo próprio autor, pelo sertão nordestino.Versejou sobre todos os temas, com sabedoria e humor. Carlos Drummond de Andrade considera Leandro Gomes de Barros o "Príncipe dos Poetas", o rei da poesia do sertão e do Brasil em estado puro.
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crédito: ANTÔNIO CARLOS NÓBREGA/QUINTETO ARMORIAL - CD DO ROMANCE AO GALOPE NORDESTINO - FX 5. PONTEIO ACUTILADO
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sexta-feira, 23 de maio de 2008

quinta-feira, 22/05/08


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"Teu sorriso, uma imagem tão igual
Uma coisa assim tão amarela
Que mesmo se tudo na panela
Não se pode separar o bem do mal
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Tu me fazes uma margem tão real
De um sonho que não aconteceu
Inda assim me perco nesse breu
És a minha parte anormal
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E eu fico pensando no final
Desse filme de enredo tão assim
Que eu penso que não teria fim
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Nem tristeza e nem final feliz
Pois você foi o sonho que não quis
Mas foi tudo de bom que eu quis pra mim."
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Pois é, Poesia de Susana Morais, intitulada “Soneto do Amarelo Igual”. O soneto, forma fixa, constituída por 2 quartetos e 2 tercetos, é utilizada na poesia desde a Idade Média. Susana Morais de França, nascida no Recife, no ano de 1980, escreve sonetos com maestria e é cordelista por formação. Dedica-se aos versos há 3 anos, e faz parte da União dos Cordelistas de Pernambuco, a UNICORDEL, com mais de 7 folhetos de cordel publicados individualmente. Recifense com raízes no Pajeú, Susana Morais conduz seus leitores através do imaginário da poesia popular.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

quinta-feira 15/05/08


...Pelo 13 de Maio. E por todos os outros dias do ano e da história do Brasil, verde, azul, amarelo, branco, preto...


"Salve! Região dos valentes
Onde os ecos estridentes
Mandam aos plainos trementes
Os gritos do caçador!
E ao longe os latidos soam...
E as trompas da caça atroam...
E os corvos negros revoam
Sobre o campo abrasador! ...
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Palmares! a ti meu grito!
A ti, barca de granito,
Que no soçobro infinito
Abriste a vela ao trovão.
E provocaste a rajada,
Solta a flâmula agitada
Aos uivos da marujada
Nas ondas da escravidão!
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Salve, Amazona guerreira!
Que nas rochas da clareira,
— Aos urros da cachoeira —
Sabes bater e lutar...
Salve! — nos cerros erguido —
Ninho, onde em sono atrevido,
Dorme o condor... e o bandido!...
A liberdade... e o jaguar!"

Pois é, Poesia de Castro Alves, trechos do poema “Saudação à Palmares”. Antônio Frederico de Castro Alves nasceu no estado da Bahia, em março de 1847. Passou a infância no sertão natal, e durante a vida residiu no Recife e esteve de passagem pelo Rio de Janeiro e São Paulo. A sua lira navegou através da temática romântica, pela descrição de belas paisagens poéticas e pelas causas da liberdade e da justiça. É conhecido como “o poeta dos escravos” por lutar contra a escravidão, através de poemas como “ O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Faleceu no dia 6 de julho de 1871, vítima da tuberculose, “O Mal do Século”, dezessete anos antes da libertação dos escravos, pela lei áurea.


Quer mais?
toma: http://www.projetomemoria.art.br/CastroAlves/index.html
http://www.vidaslusofonas.pt/castro_alves.htm


crédito: CLÁUDIO ALMEIDA - CD ALMA PERNAMBUCANA FX 12 - RECIFE NAGÔ AUTORIA : JOTA MICHILES

terça-feira, 6 de maio de 2008

quinta-feira, 01/05/2008

"Matuto no mêi da pista

menino chorando nu

rolo de fumo e beiju

colchão de palha listrado

um par de bêbo agarrado

preto véio rezador

jumento jipe e trator

lençol voando estendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior.



Mastruz e erva-cidreira

debaixo dum jatobá

menino querendo olhar

as calça da lavadeira

um chiado de porteira

um fole de oito baixo

pitomba boa no cacho

um canário cantador

caminhão de eleitor

com os voto tudo vendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior.


Um forró de pé de serra

fogueira milho e balão

um tum-tum-tum de pilão

um cabritinho que berra

uma manteiga da terra

zoada no mêi da feira

facada na gafieira

matuto respeitador

padre, prefeito e doutor

os home mais entendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior!"







Pois é, Poesia de Jessier Quirino, trechos do poema Paisagem de Interior. Jessier Quirino é Paraibano, nascido em Campina Grande, no ano de 1954, e vive atualmente na cidadezinha de Itabaiana, na Paraíba. Arquiteto por profissão e poeta por vocação, é autor dos livros: "Paisagem de Interior", "Agruras da Lata D'água", “Bandeira Nordestina” entre outros, além de cordéis, causos e musicais. Participou, em junho de 2007, da minissérie de televisão “A Pedra do Reino”, baseada no texto de Ariano Suassuna. Jessier Quirino escreve a autêntica poesia matuta, e fala com propriedade do homem do interior, do seu dia-a-dia, do seu comportamento, com muito humor e respeito.




quer mais?
toma: http://www.jessierquirino.com.br/




*áudio:http://www.4shared.com/file/46625853/c74a0dbd/POEMA_01_05_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1