terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 13/11/08




*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=91d1f0a



“A antítese do novo e do Obsoleto,
O Amor e a Paz, o Ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério,

Às alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...”



Pois é, Poesia
de Augusto dos Anjos, intitulada “Contrastes”. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau D’arco, na Paraíba, em Abril de 1884. Passou sua infância no Estado natal, e durante o resto de sua vida morou em Recife, onde cursou e se formou em direito, Rio de Janeiro e Leopoldina, em Minas Gerais, onde morreu, em 12 de novembro de 1914, vítima de pneumonia. O seu único livro intitulado “EU” foi publicado em 1912, e reúne suas poesias belas e afiadas, frutos de uma mente cética em relação à vida e ao amor. O poeta Augusto dos Anjos é representante de uma época em que a poesia brasileira se encontrava num estágio de transição, antes de despontarem os modernistas, filhos da semana de arte de 1922. Seus versos se caracterizam pela originalidade temática, cercada de um pessimismo irônico, e pelo vocabulário repleto de termos científicos e biológicos, sem deixar de lado as metáforas e demais figuras de linguagem que conferem à poesia a sua beleza e subjetividade.

CRÉDITO: Egberto Gismonti, Água e Vinho.

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