quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

quinta-feira 04/12/08



*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=009d022

“Amanheceu e a lua ainda no céu.
Gotas de orvalho
Nas pétalas róseas
Refletem os primeiros raios de sol.

No lago perene
Brinca um beija flor
Abanando as asinhas
Fazendo ondinhas
Na lamina de água

O beija flor,
Como um Narciso,
Vê sua imagem refletida
E brinca.
Vendo suas cores cintilantes
Vendo seus olhos e seu bico
Vendo os dentes das piranhas
Que saltam, agarram os pezinhos
Puxam o beija flor para o fundo
Escuro do lago.

Atacam os olhos,
Arrancam os olhos,
Rasgam o papo do pobre animal,
Que sacode o que resta das asinhas
Que sangra
Esperneia
E morre
Todo mordido
Todo Fodido
Nas águas do Capibaribe
Do Recife que fede
Cheio de merda.”


Pois é, Poesia de Fernando Farias, o áspero “Poeminha Lírico”. Este poema foi lido pelo também escritor Bruno Piffardinni, durante a Edição 2008 da FLIPORTO, em uma homenagem aos poetas pernambucanos, e, ao mesmo tempo, uma pesada crítica social e crítica ao lirismo alienado. Fernando Farias é contista, tem 50 anos e é caruaruense radicado em Recife. O escritor é membro da União Brasileira dos Escritores, a UBE – Pernambuco, faz parte do grupo Nós Pós e do recém criado “Urros Masculinos”, também formado por Biagio Pecorlli, Bruno Pifardinni e Arthur Rogério. Fernando Farias revela que sua grande vontade era escrever roteiros para histórias em quadrinhos. Acabou por transformar essas histórias em contos, o que resultou no pequeno livro “A Trágica Morte da Patinha”. Sua carreira se intensificou depois que Fernando Frequentou as oficinas literárias de Raimundo Carrero e Marcelino Freire. Além de publicar de várias coletâneas, Fernando Farias publicou em formato de bolso quatro livros: O Livro Vermelho, Espelhos Obscenos; O Livro Azul, Entre Sete Estrelas; O Livro Verde, Fantasia Manchada de Batom Carmim e o Livro Laranja, A Escolha dos Anjos.

Quer Mais?
Toma: http://fernandofarias7.blogspot.com/

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Quinta-feria, 20/11/08



*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=12fdd2f


“temos que nos amar
temos que nos querer
foi o amor que fez um dia
a gente nascer

temos que nos unir
pra formar uma grande nação
onde não haja mais guerra
nem destruição

temos que abrir os olhos
dessa sociedade
dizer não a violência
denunciar a corrupção
e dizer a esse mundo
quero paz, violência não!

temos que cuidar do planeta
acabar com a poluição
tirar as crianças da rua
dando educação...”


Pois é, Poesia de Gizele Tavares , “O Amor que Nos Faz Nascer”. Gizele Tavares de Melo Souza é recifense, tem apenas dezesseis anos e faz versos com maestria. Gizele escreve desde os oito anos de idade e diz ser apaixonada por poesia. Na poesia a talentosa menina encontra um modo de ajudar a si mesma, à família e a sociedade em que vive, através de versos realistas, que propõem aos leitores uma reflexão sobre a vida. Gizele Tavres já tem mais de 70 poemas, 5 deles publicados nos principais jornais da cidade, e tem até uma possível novela escrita. Ela conta que o dom de poetizar foi dado por deus, mas a influência vem de seu pai, que é poeta e compositor. A inspiração chega sempre na madrugada, como seu uma voz lhe soprasse os versinhos ouvido a dentro, e como se ela apenas “psicografasse” as palavras ditadas pelo “espírito da poesia”. Apesar de jovem, Gisele Tavares estuda e trabalha para sustentar sua família, já que seu pai, não pode trabalhar por motivos de doença. É uma mocinha esforçada, humilde e que sonha com o reconhecimento do seu trabalho e quer vencer na vida e conquistar o seu batismo literário. No dia 30 de novembro, Gizele Tavares recita “O Amor que Nos Faz Nascer”, durante a Caminhada Pela Paz, que acontece na Avenida Boa Viagem a partir das quatro horas da tarde.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 13/11/08




*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=91d1f0a



“A antítese do novo e do Obsoleto,
O Amor e a Paz, o Ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério,

Às alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...”



Pois é, Poesia
de Augusto dos Anjos, intitulada “Contrastes”. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau D’arco, na Paraíba, em Abril de 1884. Passou sua infância no Estado natal, e durante o resto de sua vida morou em Recife, onde cursou e se formou em direito, Rio de Janeiro e Leopoldina, em Minas Gerais, onde morreu, em 12 de novembro de 1914, vítima de pneumonia. O seu único livro intitulado “EU” foi publicado em 1912, e reúne suas poesias belas e afiadas, frutos de uma mente cética em relação à vida e ao amor. O poeta Augusto dos Anjos é representante de uma época em que a poesia brasileira se encontrava num estágio de transição, antes de despontarem os modernistas, filhos da semana de arte de 1922. Seus versos se caracterizam pela originalidade temática, cercada de um pessimismo irônico, e pelo vocabulário repleto de termos científicos e biológicos, sem deixar de lado as metáforas e demais figuras de linguagem que conferem à poesia a sua beleza e subjetividade.

CRÉDITO: Egberto Gismonti, Água e Vinho.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sexta-feira 31/10/08



*Áudio: (em breve)

“Dizem os bardos que uma cidade
é feita
de homens,
com várias mãos
e
o sentimento do mundo.
Assim Recife nasceu no cais
de um azul marinho e celestial,
onde suas artérias evocam:
Aurora, Saudade, Concórdia,
Soledade,
União, Prazeres, Alegria e Glória.
Mas nos deixa no chão,
atolados na lama
de sua indiferença aluviônica:
a ver navios com suas hordas
invasoras
e o Atlântico
como possibilidade
de saída...”



Pois é, Poesia de Valmir Jordão, intitulada “Ah Recife!”. Valmir Silva Jordão nasceu no Recife no ano de 1961. Oriundo do Bairro de São José, inicia sua vida poética aos 19 anos de idade. É poeta boêmio, que faz poesia politizada e consciente. Filiado a União Brasileira dos Escritores, a UBE, desde os anos 80, colaborou com diversos fanzines da época, e possui mais de 10 publicações. É autor de versos famosos, quase ditos populares como no poema “coca para os ricos/ cola para os pobres/ coca-cola é isso aí”. Valmir Jordão faz parte da geração dos poetas urbanos, radicais, que acreditam que a poesia permeia toda a existência, a vida, a morte, o bem e o mal. Logo mais, às sete horas da noite, Valmir Jordão lança seu novo livro: ”Hai Kaindo na Real & Outros Poemas”, no auditório do SINTEL, na Boa Vista, próximo a UNICAP. A coletânea mescla poesias de estilo livre usual, e hai kais: poemas-pílula, de origem japonesa que costumam dizer muito em poucos versos.

quer mais?
toma:

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quinta-feira, 23/10/08




*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=8f83a78


“Como a tarde é leve.
Como sopra a brisa
Mansa no arvoredo.
Como o céu é manso
Com essa lua mansa,
Sem nenhum segredo.
E estes campos verdes,
Estas águas verdes,
Este arbusto em flor...
E o silêncio-poeta
Recitando versos
Que já sei de cor.
E (alma da paisagem)
Incorpórea flauta
Que, invisível, soa...
Oh! Dêem-me essa flauta,
Invisível flauta,
Música tão boa!”



Pois é, Poesia do Frei José Milton de Azevedo Coelho, intitulada “Flauta Invisível”. O Frei José Milton, nasceu no ano de 1934, em Bezerros, Agreste Pernambucano. A sua vida inteira foi dedicada a Deus, à Igreja e ao próximo. Entre os trabalhos conventuais e pastorais, que foram muitos, o Frei José Milton sempre encontrava tempo para realizar pesquisas sobre a história da Igreja Católica em Pernambuco e sobre a Ordem dos Franciscanos, da qual faz parte. Possui duas obras, ainda inéditas, resultantes dessas pesquisas, e mais três obras ainda em fase de fechamento. Em meio à religião e às pesquisas históricas, o Frei José Milton entrega-se aos versos.... O livro “Poeira Encantada”, nasce justamente dessa entrega: um fruto bem sucedido, bem-amado, leve e terno, como o próprio título já revela. Neste sábado, às oito horas da noite, no Convento de Santo Antônio, na Rua do Imperador, o Frei José Milton lança o seu livro, “Poeira Encantada”, e o recital dos poemas é feito pelo grupo Vozes Femininas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

quinta-feira, 09/10/2008



*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=3fbfc52

“Para quem cultiva plantas
Das pragas quer se livrar
Sabe que para o serviço
Parceira melhor não há
Joaninha é bem disposta
E o mal não quer causar

A mais comum das Joaninhas
E que a vemos muito mais
É a que tem pintinhas pretas
Bonitinhas por demais
Na verdade elas são sete
Nada a menos, nada a mais

A Joaninha enfeitou-se
No jardim foi passear
Pôs o seu lindo vestido
Pois queria desfilar
Modelito de bolinhas
Como aquele outro não há

E voando pelas plantas
Encontrava seus amigos
Grande parte dos insetos
Juntos tinham ali crescido
Naquele mesmo jardim
Aventuras tinham vivido

Mas estava preocupada
Com o que vira por ali
Lixo e poluição
Fazendo tudo explodir
Destruição do ambiente
Faz a vida sucumbir

Vamos abraçar a causa
Da natureza cuidar
Deixar para as gerações
Um presente singular
Uma terra bela e limpa
Para a vida então brotar"


Pois é, Poesia de Érica Montenegro, trechos do Cordel “Joaninha Bonitinha e a Luta Pelo Meio Ambiente”. O texto é feito especialmente para a criançada, e fala sobre o encontro da Joaninha com a sua amiga, a Lagarta Esterlina, no qual as duas dão uma lição de cuidados com a natureza. Érica tem vários folhetos publicados, sempre voltados ao público infantil, e, recentemente lançou o livro “Corrida Maluca”, que é todo em cordel. Érica Montenegro faz mestrado em Ciências da Liguagem e constrói seus poemas em prol de uma literatura de cordel voltada para a aprendizagem. Só mesmo alguém com alma de criança pode fazer versos tão vivos e coloridos assim...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira 02/10/08



(Foto por Guto Zafalan)
*
Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=d6e7512
*
"Era dia, e era bonito
Floria o chão de um absinto inebriante
– Vi que eram os pelos da terra que se eriçavam
ao meu toque.
Assim, me vi lambendo as pedras...
(Os seios de Vênus
com calcinha D’Millus)

Um torpor estranho
Meio casca
meio
Árvore
Tomava conta de meus dedos,
Que trêmulos encravava no chão.


Nunca me senti tão raiz

E tão fecundo


Cogitei ser quase assim
O fim do mundo
Ou início do paraíso...


A transmutação,
Uma abrupta passagem
uma hermética viagem
de Fera a Planta!

O broto gozozo
Que saía de minhas espinhas
E verdejava a fronte
Me situava a forma...

Dizem que o corpo fala
Este meu canta
Geme

Sem a nada dever

Uma dose de prazer
Carno-vegetal
Soava de meus galhos...
Pingava no absinto
Pingava amor, sêmen
Pingava Eu!

E aos poucos, de tanto me amar,
Amava as pedras

(Assim compreendi como nascem as plantas)

Então senti que a terra urrava
De êxtase e de dor a cada verbo que nascia...

Som agregado de água e sal

Eis aqui minha pena
Eis aqui meu rádio"


Pois é, Poesia de Michel de Lucena Costa, trechos do poema Carne Verde. Michel Costa é paraibano de João Pessoa, nascido no ano de 1983. É instrumentista, compositor de letras musicais e poesias....o que confere as suas letras uma intensidade poética e aos seus versos uma musicalidade peculiar... Michel começou cedo na arte: aos dezesseis anos casou-se com o violão popular. Em 2000 passa a estudar violão clássico, e , a partir daí, sua vida começa a ser preenchida por experiências mistas: hora clássicas, hora populares, num balaio de sonoridades e técnicas. Desde sempre participou de festivais e concursos como o Projeto Seis & Meia, em João Pessoa, e o Festival de MPB do SESC – Todas as Tribos, em 2006 e 2008, também em João Pessoa . Atualmente é estudante de letras da Universidade Federal da Paraíba e professor de violão em escolas de música na cidade. Toca com Maria Juliana e Banda, numa parceria que transcende a esfera musical.
*
Quer mais?
*
CRÉDITO: "Litúrgica", Zé Ramalho.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quinta-feira, 18/09/08



* Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=163186a


"Meu nome é recife
Eu sou de Pernambuco
Não tenho medo do escuro
Pois ele habita em mim


A criatura Recife e suas faces sou eu
(...)


Então deixem eu gritar
Através da poesia e da arte
As quais fazem parte
Da minha vida feliz
Então deixem que solte minha voz
Por favor
Não me neguem o direito de gritar
Não me neguem
Não me neguem o direito de lutar
Deixem que eu grite
Que eu chore
E que vá a publico a minha dor
Não maltratem o direito de pensar
Meu ardor
Minha vida
Meu olhar
Meu amor
É direito nosso sonhar
Não me neguem
Quero meu direito de errar
Não me neguem
Se não eu morro
E sem direito a primavera"

Pois é, Poesia de Giordano Bruno Gonzaga, trechos do poema, "Recife Grita Socorro". Giordano Bruno é recifense, nascido no ano de 1984, e reside, atualmente na cidade de Ipojuca. Poeta jovem, começou cedo a fazer versos e organizar saraus e outros eventos poéticos no Colégio São José, na Boa Vista, onde estudou a vida toda. Trabalhou por algum tempo como professor de história e mediador de leitura em projetos da Prefeitura da Cidade do Recife. Chegou a ser, inclusive, coordenador da rede de leituras do recife, a reler. Estudante de Ciências Sociais, faz poesia engajada, sem medo de sugerir medo ou repúdio em seus versos densos e escancarados. Junto ao Centro de Estudos e Pesquisas da História de Ipojuca, e alguns companheiros funda o "MOLIPO": Movimento Literário Ipojucano, que tem como principal objetivo o resgate e a preservação da literatura ipojucana.

CRÉDITO: "Melancolia", de Antônio Sapateiro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quinta-feira, 11/09/08



*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=7ec92c5

"Meu passado foi bem aproveitado

Tive força, vigor e sensatez...

Eu contava feliz a cada mês

Doze moças que havia namorado.

Hoje em dia ninguém vejo ao meu lado,

Meu futuro ficou sem direção.

Quando vem essa tal recordação

Eu suspiro dizendo com saudade:

"Se pudesse eu comprava a mocidade

Nem que fosse pagando à prestação".

*
Quando moço não quis saber de estudo,

Permiti que o meu tempo fosse vago.

Hoje vejo que o tempo fez estrago...

Tornou nada o meu tempo (ou quase tudo).

Desse tempo o punhal pontiagudo

Fez sangrar sem dar valorização,

Pois quem tinha esse dom jogou no chão,

E eu falei para o tempo:"Majestade,

Se pudesse eu comprava a mocidade

Nem que fosse pagando à prestação".

*
Mas passado não volta nunca mais,

O que é bom pouco a pouco se dissolve...

Pega o tempo, carrega e não devolve

Deixa claro cumprindo os seus ‘sinais’.

Eu sou contra essas leis universais...

Deveria pra cada cidadão

Existir outra chance, aí então

Ele iria escrever com mais vontade:

"Tô comprando de volta a mocidade

Nem que seja pagando à prestação"."
*

Pois é, Poesia de Felipe Júnior, trechos do poema: "Se Pudesse Eu Comprava a Mocidade, Nem Que Fosse Pagando à Prestação. Nesses versos o poeta se utiliza de um recurso comum na literatura de cordel: o mote, frase que se repete tal qual um refrão, e que guia toda a poesia da qual faz parte. Felipe Júnior faz parte da União dos Cordelistas de Pernambuco, a UNICORDEL, e também da União Brasileira dos Escritores em Pernambuco, a UBE – PE. É natural de Patos, interior da Paraíba, e foi criado em São José do Egito, o que explica o seu imenso talento para a poesia. Talento esse que foi reconhecido no último Recitata, concurso de poesia oral realizado pela Prefeitura da Cidade do Recife, no qual conquistou o terceiro lugar, eleito pelo júri popular. O poeta cordelista Felipe Júnior acaba de lançar o seu CD "Na Boléia da Rima e do Riso", recheado de versos que narram uma caminhada cercada de poesia por todos os cantos.
*
Quer Mais?
*
CRÉDITOS: "Peixando na Corda", Banda de Pífanos Flor do Taquari.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008



*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=98dc1e0


"Marcos amou Amanda
e em seu colo tantas vezes
adormeceu,
como em paz profunda descansa
um pequenino igarapé —
amou como se água corrente, Marcos
de tão cristalinamente ser.


Amanda amou Marcos
e por sua boca de tudo nesta vida
se esqueceu:
que há medo, tempo, mal, bem
e a terrível consciência dessas coisas —
amou como se morrente, Amanda
de tão serenamente viva.


(...)e no rosto das mocinhas que ficaram
deixaram rubor, quimeras e suspiros.
na linha do horizonte sumiram
(aquele Marcos, aquela Amanda)
feito num leve destino alado
o amor os tivesse escolhido.


não, não foram felizes para sempre.
o que importa?"



Pois é, Poesia de Biagio Pecorelli, trechos do poema "Cor de Cinza Rosa", do livro "EsTaNdOs", lançado em 2007. Biagio nasceu no Recife, em abril de 1982, mas passou sua infância em Maceió, capital alagoana. Graduado em psicologia, vive em meio a música, a literatura e ao teatro, exalando arte por todos os seus poros. Em 2007, além de lançar seu primeiro título, escreve e atua na peça "A Moça de Nove Dedos e a Moral Libertina", quadro de uma sociedade futurista onde o amor é não mais que uma doença erradicada dos corações humanos. Biagio Pecorelli fez residência artística na Argentina, onde encontrou-se com a fotografia, mas uma expressão artística de sua vida, ou expressão viva de sua arte. Foi finalista do recente concurso de poesia oral, realizado pela Prefeitura da Cidade do Recife, o 3° Recitata, do VI Festival Recifense de Literatura. Produz, agora, o seu primeiro romance, embora queira ser, sempre, chamado de poeta – ainda que escreva prosas, fotografe ou atue.
Quer Mais?


CRÉDITO: Uakti - CD Mapa

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

quinta-feira, 28/08/08



*
*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=23cc13a
*
"Eu, um livre pensador
deito e ponho-me a sonhar
pensando: - que bom seria
se Virgulino voltar!
Pra, com sua autoridade
por as coisas no lugar.


Virgulino decretava
a Lei da Honestidade
e pra o politico aprender
o que é sofrer de verdade
tinha que passar dez dias
vivendo de caridade.


Passar fome uma semana
comendo só palma assada
feijão com o arroz puro
ou mesmo não comer nada
tomar água do barreiro
somente por Deus tratada.


Daí tudo mudaria
se Virgulino voltasse
talvez nem fosse preciso
que Lampião retornasse
bastava um homem sério
que só no povão pensasse."

*
*
Pois é, Poesia de Paulo Dunga, poeta cordelista e pesquisador do Cangaço. José Paulo Ferreira de Moura, mais conhecido como Paulo Dunga, é membro da União dos Cordelistas de Pernambuco, a Unicordel, e tem, além dos folhetos, 3 livros publicados sobre o Cangaço e Lampião. A sua poesia é nordestina de raiz, é engajada com os problemas sociais e faz sempre um resgate da história do cangaço, através de um sábio paralelo entre as mazelas do povo nordestino nos tempos de Virgulino Ferreira, o Lampião, e as dificuldades que esse povo enfrenta nos dias de hoje. Logo mais, às 6 horas da noite, o poeta Paulo Dunga lança o seu mais novo livro: "Lampião: A Trajetória de um Rei sem Castelo", na biblioteca pública de pernambuco, localizada no parque 13 de maio.
*
Quer mais?

sábado, 23 de agosto de 2008

quinta-feira, 21/08/08


*
*
*Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=8c48736
*
*
"Quando vem a primeira trovoada
A magia do verde enfeita os montes
A espuma de sapo pelas fontes
Pinta um quadro na margem da estrada
A fumaça da broca mal queimada
Forma torre num vácuo da colina
As aranhas espalham serpentina
Na ramagem do bosque mais deserto
Seu projeto tem tudo pra dar certo

Uma loja de renda de campina
Um besouro enfeitado de metal
Apresenta seu quadro pitoresco
Revirando um cocô ainda fresco
Desprezado no canto de um curral
Uma farda de gala especial
Ele exibe depois da trovoada
Sua túnica brilhosa e desenhada
É bonita, perfeita e é moderna
Só retorna ao destino da caserna
Quando deixa a comida preparada."
*
*
Pois é, Poesia do grande Manoel Filó, intitulada “A Vinda da Chuva”. Manoel Filomeno de Menezes, o Manoel Filó, nasceu no dia 13 de outubro do ano de 1930, no município de Afogados da Ingazeira. Chegou a morar em São Paulo, Recife, Paulo Afonso, Monteiro e Arcoverde, tal qual um cigano, inquieto, Cidadão do Nordeste. Empresário por profissão, poeta por amor e vocação, dividia a vida entre as autopeças e os versos, mas seus amigos e familiares, bem sabem que é da poesia que ele vivia, ou pelo menos vivia por ela. Voltou ao leito do rio Pajeú, onde nasceu, para descansar para sempre. Há exatamente três anos, Manoel filó mudou-se pela última vez, desta vez, para uma morada definitiva...
*
*
Quer mais?
*
*
CRÉDITO: "Arretação", Mestre Salú, CD Sonho da Rabeca;

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

quinta-feira 14/08/08





(Poeta Felipe Júnior e poeta Altair Leal)
*
* Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=94127e5
*
“Vamos contar uma história,
bem ao redor da fogueira?
vamos passar o anel, comer milho,
contar mentiras, falar besteiras.

vamos contar histórias.
vamos puxar da memória
algum fato acontecido.
do vizinho, do irmão,
do pai, do marido,
do amigo do lado,
algum fato engraçado,
que mereça ser contado.

vamos contar histórias.
história da corochinha,
saci pererê, negrinho do pastoreio,
comadre fulorzinha
as mentiras da vizinha
os gritos que zé levou,
a surra que a mãe deu,
um causo que aconteceu...
olha a centelha subindo,
as idéias vindo,
as lembranças surgindo.
deixa queimar a fogueira
deixa queimar a madeira,
deixa queimar.
vamos contar histórias,
vamos, vamos contar!”
*
*
Pois é, Poesia "Vamos Contar Histórias", de Altair Leal. Nasceu na cidade de Limoeiro, em Pernambuco, no ano de 1960 e criou-se pelas ruas de Olinda, Recife e Paulista. É poeta completamente imerso no mundo literário: membro da União dos Cordelistas de Pernambuco (UNICORDEL), da União Brasileira dos Escritores em Pernambuco, da Academia de Letras e Artes de Paulista, do Coletivo Oroboro e do grupo Invenção de Poesia no Recife. Escreve versos desde que se entende por gente, e acredita que a poesia reflete o momento no qual o poeta se encontra. A viola de seu tio é que inspirou-lhe a vontade de escrever cordéis e versinhos matutos. No entanto, quanto à forma e conteúdo sua poesia é diversificada, às vezes livre, às vezes metrificada, rimada, matuta, marginal, sensual, social.
*
Quer mais?
*
CRÉDITO: "Caipira Ma Non Troppo", por Carlinhos Antunes, CD Mundano.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


*
(Foto por Wellington de Melo)
*
* Áudio: http://www.goear.com/listen.php?v=73b140c
*
*
“Vim para ficar
não tenho parte com as coisas transitórias.
sou imanente inconsútil estrutural sou interiça: talharam-me
[de umapeça só
deram-me um nome
e uma cor secreta que adivinho em sonhos
daí que carrego uma saudade nos olhos que me faz parecer
[um calendário sem tempo.

Cheguei pra ficar.
Minha permanência perturba tua transitoriedade sem raízes
descompassa teus passos sem compromisso com o chão que
[me retém.

Os que não me sabem me adivinham marco fincado
entre estradas partindo para onde não sei
estática rosa dos ventos para tua face instável e fugida.”
*
*
Pois é, Poesia de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo, intitulada “Do Vir e Do Ficar”, contida no livro “VerdeVida”, do ano de 1976. Maria do Carmo nasceu no Recife, no dia 21 de julho de 1924. Passou a infância no antigo Engenho da Torre e no Rio de Janeiro, rodeada por seus 12 irmãos. Casou-se com o engenheiro e fotógrafo professor José Otávio de Melo, com quem teve oito filhos e estes lhe trouxeram dezesseis netos.... Católica praticante, a fé esteve presente não só na vida prática, mas nos versos poéticos. As letras acompanharam-na por toda a vida...hora no jornal impresso, onde mesclava arte e informação, hora nos seus livros recheados de poesias sensíveis e expressivas... Vencedora de diversos prêmios literários, a poeta ocupava a cadeira de número 29 na Academia Pernambucana de Letras. Maria do Carmo nos deixou a pouco... no dia 23 de julho, entregou-se ao mundo invisível da poesia eterna, onde, certamente, encontrou aquEle a quem devotou tamanha fé, e um teatro celeste lotado de poetas felizes por recebê-la.
*
*
Quer mai?
Toma: http://www.mariadocarmobcm.com.br/
*
*
CRÉDITO: "My Way" - Frank Sinatra

(música predileta
da poeta,
secreto afeto
cedido por sua neta...)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

quinta-feira 31/07/08


*
*
*
"Não há mais Gandhi.
Não há mais branco.
Não há mais Francisco de Assis
Que não seja aquele do bar.

As lágrimas são a água
Da pobre gente abandonada
Nos sertões da terra árida
E nos sertões dos corações.

A cabidela humana é farta.
Os corpos lavados em sangue.
A comum ossada coberta com fina camada de pele.
Eis os pratos servidos aos sádicos e alheios ao sofrimento dos outros.

Vedes a vida que tem como objetivo a morte.
A morte de quem só quis a vida.
A dor dos que são oprimidos pelo que são.
O grito mudo dos que também são oprimidos pelo que não são.

As pernas que só caminham com muletas;
Muletas que dominam os caminhos e suas nuances
Bem mais que as próprias pernas."
*
*
Pois é, Poesia de Vanessa Sueidy, intitulada “Desencanto”. A jovem poeta de 25 anos é também jornalista, publicitária e atriz. Participa do recital itinerante “Um Bonde Chamado Poesia”, do Festival Recifense de Literatura, em 2005 e 2006. Coordenou o “Afogados em Poesia”, encontro mensal de poetas na Biblioteca de Afogados, nos anos de 2006 e 2007. A Marginal Recife 5, coletânea poética lançada pela Prefeitura da Cidade do Recife, tem em suas páginas os versos maduros de Vanessa Sueidy... versos que gritam, suavemente, por amor e por insatisfação diante dos problemas que afligem a humanidade.
*
*
CRÉDITOS: "Agreste" - André Geraissati, CD Brasil Musical.

domingo, 27 de julho de 2008

quinta-feira 24/07/08

*Especial 100 anos Solano Trindade



*
*
*Áudio:http://www.4shared.com/file/56514777/4c6f839e/POIS_E_POESIA_24_07_08.html?dirPwdVerified=1b9560d1
*
*
"Quando eu tiver bastante pão
para meus filhos
para minha amada
pros meus amigos
e pros meus vizinhos
quando eu tiver
livros para ler
então eu comprarei
uma gravata colorida
larga
bonita
e darei um laço perfeito
e ficarei mostrando
a minha gravata colorida
a todos os que gostam
de gente engravatada..."
*
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Pois é, Poesia de Solano Trindade, intitulada “Gravata Colorida”. Hoje no Recife, no Brasil, no mundo e além, comemora-se o centenário do poeta Solano Trindade, desencarnado, mas vivo em seus versos. Este recifense fez poesia social, poesia forte, em favor do negro, da liberdade e da igualdade. A poesia escrita não foi eu único grito: Solano Trindade fundou a Frente Negra Pernambucana, que mais tarde torna-se o Centro de Cultura Afro-Brasileira e, em 1950 funda o Teatro Popular do Negro. O Recife não o segurou: morou em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo...e por fim Rio de Janeiro. Mas, ao que parece, nunca deixou sua terra e continua vivo na memória de seus filhos poéticos, vivo no Pátio do Terço, no bairro de São José, vivo na história do povo negro, na história do povo.
“Na minh'alma ficou
o Sambao Batuque
o Bamboleio
e o Desejo de Libertação.”
Solano Trindade, Recife 24 de julho de 1908 - Rio de Janeiro, 1974.
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quinta-feira, 17 de julho de 2008

quinta-feira, 17/07/08


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* Áudio: http://www.4shared.com/file/55567383/5aee9af7/POIS_E_POESIA_17_07_08.html?dirPwdVerified=1b9560d1
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"Minha mulher, a solidão,
Consegue que eu não seja triste.
Ah, que bom é o coração
Ter este bem que não existe!

Recolho a não ouvir ninguém,
Não sofro o insulto de um carinho
E falo alto sem que haja alguém:
Nascem-me os versos do caminho.

Senhor, se há bem que o céu conceda
Submisso à opressão do Fado,
Dá-me eu ser só - veste de seda -,
E fala só - leque animado."
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Pois é, Poesia de Fernando Pessoa, escrita no ano de 1930. Fernando Antônio Nogueira Pessoa, o aclamado Fernando Pessoa, é um dos maiores nomes na poesia de língua portuguesa. O poeta, considerado “o enigma em pessoa”, conviveu com personalidades periféricas... seus outros “eus”, os famosos heterônimos. Alberto Caeiro, um poeta da natureza, Ricardo Reis, que chega a emigrar para o Brasil, e Álvaro de Campos, são os três heterônimos mais conhecidos de Fernando Pessoa, e possuem poesias e histórias próprias e independentes. Este poeta que criou e recriou poesias e estilos, representa sobretudo a sua língua-pátria e o seu século, o século XX.
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Quer mais?
Toma: http://www.jornaldepoesia.jor.br/pessoa.html
http://www.germinaliteratura.com.br/fp.htm
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CRÉDITO: "Sonhos", Pixinguinha De Novo, por Altamiro Carrilho e Carlos Poyares.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

quinta-feira, 10/07/08



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*Àudio:http://www.4shared.com/file/54659722/57939ece/POIS_E_POESIA_10_07_08.html?dirPwdVerified=1b9560d1
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“Contemplo a arquitetura da Aurora
Recreio dos pássaros da Boa Vista
Do seu cais palco sempre dourado
E de museus falando as suas horas.

Aurora musa dos sonhos de Bandeira
Mãe de tantos andarilhos girassóis
Plataforma de olhares impassíveis
Transmutados pelo pão de cada dia.

Aurora monumento à liberdade
Descortina o Palácio das Princesas
E acolhe os eternos namorados
Embriagados com a lua do seu rio.

Quisera eu aqui ter vivido
A aurora azul da minha vida
Nesta via de perfeita geometria
Entre a fumaça e névoa da cidade.”

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Pois é, Poesia de Aldo Lins, “Bandeira da Aurora”. Paraibano de Cajazeiras, Aldo Lins Inicia a criação literária em João Pessoa, ao publicar artigos e poemas na mídia impressa da capital paraibana. Na década de 90, vem para o Recife, onde começa a publicar seus versos de forma independente e, principalmente, na revista “Encontro”, do Gabinete Português de Leitura. Em 2002 publica o livro “Alma de Vidro”, e em 2007 inicia o projeto poético musical “Canta Boa Vista”, ao lado de Sônia Trindade e Carlos Maia. Aldo Lins faz uma poesia dita alternativa, que não tem medo de não agradar...forte e visceral, bela e flamejante, tal qual uma bandeira em favor da arte literária, que a sustenta erguida.
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CRÉDITO: "Recife Manhã de Sol" (de J. Micheles, por Cláudio Almeida)

terça-feira, 8 de julho de 2008

quinta-feira, 03/07/08


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“Mais que sorriso silente
mais que ruidosa mudez

mais que paleta de tintas
ressecada, quebradiça
que o pincel endurecido
no ateliê deserto

mais que partir outra vez
dói a terrível certeza
do retorno sempre certo”
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Pois é, Poesia de Gerusa Leal, intitulada “Eterno”. Este poema, está contido no livro “Versilêncios”, Prêmio Edmir Domingues 2007 de poesia, da Academia Pernambucana de Letras. “Versilêncios” está em vias de ser publicado, com incentivo da Prefeitura da Cidade do Recife. Gerusa Leal é recifense, e mora atualmente em Olinda, cidade sítio dos seus versos. Gerusa faz parte da Oficina de Criação literária de Raimundo Carrero, grupo virtual associado à União Brasileira dos Escritores, a UBE, seção Pernambuco. O talento, inigualável, vem tardiamente: apenas a partir de 2003 é que ela começa a criação. Apesar disso, Gerusa Leal já tem bagagem ampla, com mais de dez publicações, entre contos e poemas, em coletâneas, além, é claro, de várias premiações.
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CRÉDITO: "Fotografia" (de Tom Jobim, Por César Camargo Mariano e Romero Lulambo)

sábado, 28 de junho de 2008

quinta-feira, 26/06/08


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*Áudio:
http://www.4shared.com/file/53096739/573756c3/POEMA_26_06_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1
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"E se inda houver amor, eu me apresento
E me entrego ao princípio do oceano
E se me atinge a onda, úmida eu tremo
Esquecida de insones desenganos

E se inda houver amor eu me arrebento
Feliz, atravessada de esperança
E mesmo lacerada inda sim tento
Quebrar com meu amor todas as lanças

E se inda houver amor terei alento
Para agüentar o inútil destes anos
E não me matarei, sonhando o tempo
Em que me afogarei no seu encanto

E se inda houver amor, ah, me consente
Ser pasto de tua chama, astro medonho.
E se inda houver amor, eu simplesmente
Apago esta ferida do meu sono."

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Pois é, Poesia de Lucila Nogueira, intitulada “E Se Inda Houver Amor”. Lucila Nogueira é carioca, nascida no ano de 1950, e reside atualmente no Recife. Ela é poeta, ensaísta, contista, crítica literária, professora universitária e tradutora, e possui 20 livros de poesias publicados, dois deles vencedores do prêmio de poesia Manuel Bandeira, do governo do estado de Pernambuco. É membro da Academia Pernambucana de Letras, e foi a primeira mulher a representar o Brasil no Festival de Poesia de Medellin, o maior festival de poesia do mundo. De índole romântica e sonhadora, a poeta Lucila Nogueira leva a poesia à tira colo em seu cotidiano. As banalidades de todo santo dia são, vez por outra, penetradas pela surpresa, pelo absurdo...por versos pulsantes.
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Quer mais?
Toma: http://www.interpoetica.com/entrevista_lucila.htm
http://lucnog.blogspot.com/
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CRÉDITO: PORTO DA SAUDADE (Autoria: Alceu Valença, Intérprete: Cláudio Almeida )

quarta-feira, 25 de junho de 2008

quinta-feira, 19/06/08


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*Áudio:
http://www.4shared.com/file/52732081/c1f7a545/POEMA_19_06_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1
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"Gonzaga virou poeta
Desse povo sertanejo
Identidade que vejo
Ele traçou essa meta
Meu sertanejo é esteta
Palmilhou grande destino
Do sertão um paladino
Ao mostrar-se por inteiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
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Gibão, chapéu e perneira
Peitoral luvas também
O vaqueiro vai além
Vegetação catingueira
Derruba boi na esteira
Depois de ouvir seu sino
Como Gonzaga menino
Avistou no seu terreiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
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Gonzaga foi no plural
Sintetizou a cultura
Na sua vertente pura
Vestimenta original
Do vaqueiro fraternal
O seu gesto que eu assino
Nordeste de Vitalino
Foi embaixador primeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino"

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Pois é, Poesia de Allan Sales, “Foi Vestido de Vaqueiro que Mostrou-se um Nordestino”, texto dedicado ao rei do baião, Luiz Gonzaga. Músico, compositor e poeta cordelista, o autor desses versos é natural do Crato, Ceará, e radicado no Recife desde de 1969. Allan Sales, auto denomina-se Menestrel, e disso ninguém discorda, pela maestria com que verseja e improvisa. Por sua iniciativa a Prefeitura da Cidade do Recife lança este ano o CD “Cordas e Cordéis”, no qual Allan Sales e mais sete cordelistas recitam poesias que soam tais quais belas canções.
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Quer mais?
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domingo, 15 de junho de 2008

quinta-feira, 12/06/2008

*especial dia dos namorados.

*especial pro meu namorado.... (amo demais, demais)

(a trilha é brega, amar é brega, ok?)





*Áudio: http://www.4shared.com/file/51465659/9c44f072/POEMA_12_06_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1

"É bom, amor, sentir-te perto de mim na noite
Invisível em teu sonho, seriamente noturna,
Enquanto eu desenrolo minhas preocupações
Como se fossem redes confundidas

Ausente, pelos sonhos teu coração navega
Mas teu corpo assim abandonado respira
Buscando-me sem ver-me, completando meu sonho
Como uma planta que se duplica na sombra

Erguida, serás outra que viverá amanhã
Mas das fronteiras perdidas na noite,
Deste ser e não ser em que nos encontramos

Algo fica acercando-nos na luz da vida
Como se o selo da sombra assinalasse
Com fogo suas secretas criaturas."

Pois é, Poesia de Pablo Neruda, contida no livro 100 sonetos de amor. Pablo Neruda, é na verdade um pseudônimo de um certo “Ricardo”, nascido na cidade de Parral, no Chile, no ano de 1904. Nobel na Literatura e no Amor, chegou a ser Cônsul e até mesmo Senador, exercendo a diplomacia na política e na poesia, através de seus versos universais, deixados para nós antes do ano de 1973, quando falece. Em seus sonetos Neruda utiliza grãos, pedras, pães e outros elementos, para falar de um amor vivo, presente, abstrato e concreto ao mesmo tempo. Para falar dos sentimentos, aqueles que amam sem ser num papel, fazem suas as palavras do poeta chileno, pois Neruda, parece escrever por eles... por Nós.

Quer mais?
Toma: http://br.geocities.com/edterranova/nerudapoe.htm
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.fundacionneruda.org/ing/home_ingles.htm&sa=X&oi=translate&resnum=7&ct=result&prev=/search%3Fq%3Dpablo%2Bneruda%26start%3D10%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26pwst%3D1

CRÉDITO: "Ne Me Quite Pas" - Jacques Brel,com a orquestra de Paul Mauriat.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Quinta-feira, 05/06/08



(foto por Mateus Sá)
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*Áudio: http://www.4shared.com/file/50817066/eac71dc6/POEMA_05_06_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1
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O azul toma conta da face
que se transmuda em sertão
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velas a postos
sons despedidas
histórias de náufragos
ressurreição
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o sol toma conta da face
que se exprime sertão
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pipas a pino
ciranda de nuvens
varanda aurora
roda pião
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o nu toma conta da face
onde mora o sertão
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Pois é, Poesia de Cida Pedrosa, intitulada “A Face e O Sertão”. Maria Aparecida Pedrosa nasceu no sertão de Bodocó, em 1963, na quentura do mês de outubro, pelas mãos de uma parteira. Na adolescência mudou-se para o Recife, quando então a sua produção literária começa a se intensificar. As cantorias que ouvia quando criança misturada aos anseios juvenis de mudar o mundo, invadem seus primeiros versos. Cida Pedrosa é poeta urbana com profundas raízes sertanejas, militante da política e da poesia. Está presente nos acontecimentos poéticos da metrópole pernambucana, e faz parte do grupo Vozes Femininas, junto a mais três poetisas. Edita, junto a Sennor Ramos, o site interpoética, um verdadeiro portal que permite a qualquer um a navegação dentro do fantástico universo da poesia.
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quer mais?
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CRÉDITO: Música: Sabiá ( Luiz Gonzaga e Zé Dantas ).

sexta-feira, 30 de maio de 2008

quinta-feira, 29/05/08


( xilogravura de Guaipuan Vieira)
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O povo me chama grande
E como de fato eu sou
Nunca governo venceu-me
Nunca civil me ganhou
Atrás de minha existência
Não foi um só que cansou.
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Há homens na nossa terra
Mais ligeiros do que gato,
Porém conhece meu rifle
E sabe como eu me bato,
Puxa uma onça da furna,
Mas não me tira do mato.
*
Pegar cobra como eu pego
Quando ela quer me morder,
Cascavel com sete palmos,
Só se Deus o proteger,
Mas eu pego quatro ou cinco
E solto-a, deixo-a viver.
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Que é para ela saber,
Que só eu posso ser duro,
Eu já conheço o passado,
Nele ficarei seguro,
Penso depois no presente
Previno logo o futuro.
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Pois é, Poesia de Leandro Gomes de Barros, trechos do Cordel “O Rei dos Cangaceiros”. 2008 marca os 90 anos da morte deste poeta que escreveu centenas de folhetos e inspirou o romance armorial “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Leandro Gomes de Barros nasceu no município de Pombal, na Paraíba, no ano de 1865. Residiu depois em Jaboatão, Vitória de Santo Antão e Recife. Um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, declamadas e vendidas pelo próprio autor, pelo sertão nordestino.Versejou sobre todos os temas, com sabedoria e humor. Carlos Drummond de Andrade considera Leandro Gomes de Barros o "Príncipe dos Poetas", o rei da poesia do sertão e do Brasil em estado puro.
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crédito: ANTÔNIO CARLOS NÓBREGA/QUINTETO ARMORIAL - CD DO ROMANCE AO GALOPE NORDESTINO - FX 5. PONTEIO ACUTILADO
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sexta-feira, 23 de maio de 2008

quinta-feira, 22/05/08


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"Teu sorriso, uma imagem tão igual
Uma coisa assim tão amarela
Que mesmo se tudo na panela
Não se pode separar o bem do mal
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Tu me fazes uma margem tão real
De um sonho que não aconteceu
Inda assim me perco nesse breu
És a minha parte anormal
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E eu fico pensando no final
Desse filme de enredo tão assim
Que eu penso que não teria fim
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Nem tristeza e nem final feliz
Pois você foi o sonho que não quis
Mas foi tudo de bom que eu quis pra mim."
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Pois é, Poesia de Susana Morais, intitulada “Soneto do Amarelo Igual”. O soneto, forma fixa, constituída por 2 quartetos e 2 tercetos, é utilizada na poesia desde a Idade Média. Susana Morais de França, nascida no Recife, no ano de 1980, escreve sonetos com maestria e é cordelista por formação. Dedica-se aos versos há 3 anos, e faz parte da União dos Cordelistas de Pernambuco, a UNICORDEL, com mais de 7 folhetos de cordel publicados individualmente. Recifense com raízes no Pajeú, Susana Morais conduz seus leitores através do imaginário da poesia popular.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

quinta-feira 15/05/08


...Pelo 13 de Maio. E por todos os outros dias do ano e da história do Brasil, verde, azul, amarelo, branco, preto...


"Salve! Região dos valentes
Onde os ecos estridentes
Mandam aos plainos trementes
Os gritos do caçador!
E ao longe os latidos soam...
E as trompas da caça atroam...
E os corvos negros revoam
Sobre o campo abrasador! ...
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Palmares! a ti meu grito!
A ti, barca de granito,
Que no soçobro infinito
Abriste a vela ao trovão.
E provocaste a rajada,
Solta a flâmula agitada
Aos uivos da marujada
Nas ondas da escravidão!
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Salve, Amazona guerreira!
Que nas rochas da clareira,
— Aos urros da cachoeira —
Sabes bater e lutar...
Salve! — nos cerros erguido —
Ninho, onde em sono atrevido,
Dorme o condor... e o bandido!...
A liberdade... e o jaguar!"

Pois é, Poesia de Castro Alves, trechos do poema “Saudação à Palmares”. Antônio Frederico de Castro Alves nasceu no estado da Bahia, em março de 1847. Passou a infância no sertão natal, e durante a vida residiu no Recife e esteve de passagem pelo Rio de Janeiro e São Paulo. A sua lira navegou através da temática romântica, pela descrição de belas paisagens poéticas e pelas causas da liberdade e da justiça. É conhecido como “o poeta dos escravos” por lutar contra a escravidão, através de poemas como “ O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Faleceu no dia 6 de julho de 1871, vítima da tuberculose, “O Mal do Século”, dezessete anos antes da libertação dos escravos, pela lei áurea.


Quer mais?
toma: http://www.projetomemoria.art.br/CastroAlves/index.html
http://www.vidaslusofonas.pt/castro_alves.htm


crédito: CLÁUDIO ALMEIDA - CD ALMA PERNAMBUCANA FX 12 - RECIFE NAGÔ AUTORIA : JOTA MICHILES

terça-feira, 6 de maio de 2008

quinta-feira, 01/05/2008

"Matuto no mêi da pista

menino chorando nu

rolo de fumo e beiju

colchão de palha listrado

um par de bêbo agarrado

preto véio rezador

jumento jipe e trator

lençol voando estendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior.



Mastruz e erva-cidreira

debaixo dum jatobá

menino querendo olhar

as calça da lavadeira

um chiado de porteira

um fole de oito baixo

pitomba boa no cacho

um canário cantador

caminhão de eleitor

com os voto tudo vendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior.


Um forró de pé de serra

fogueira milho e balão

um tum-tum-tum de pilão

um cabritinho que berra

uma manteiga da terra

zoada no mêi da feira

facada na gafieira

matuto respeitador

padre, prefeito e doutor

os home mais entendido

isso é cagado e cuspido

paisagem de interior!"







Pois é, Poesia de Jessier Quirino, trechos do poema Paisagem de Interior. Jessier Quirino é Paraibano, nascido em Campina Grande, no ano de 1954, e vive atualmente na cidadezinha de Itabaiana, na Paraíba. Arquiteto por profissão e poeta por vocação, é autor dos livros: "Paisagem de Interior", "Agruras da Lata D'água", “Bandeira Nordestina” entre outros, além de cordéis, causos e musicais. Participou, em junho de 2007, da minissérie de televisão “A Pedra do Reino”, baseada no texto de Ariano Suassuna. Jessier Quirino escreve a autêntica poesia matuta, e fala com propriedade do homem do interior, do seu dia-a-dia, do seu comportamento, com muito humor e respeito.




quer mais?
toma: http://www.jessierquirino.com.br/




*áudio:http://www.4shared.com/file/46625853/c74a0dbd/POEMA_01_05_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1

quarta-feira, 30 de abril de 2008

quinta-feira, 24 de abril de 2008


"Quero escrever meus versos
No teu corpo nu
Que minhas mãos façam
Sonetos em ti

Que minha boca declame
Beijos na hora exata
da entrega dos amantes
que o desejo ultrapasse o frevo

de uma noite de carnaval em Olinda
e os confetes e serpentinas
sejam os nossos poros abertos
no calor dos sussurros

quero que você componha
sua música em mim
e assim, nos tornaremos
belos, simplesmente

não quero mais saber
de escrever poemas em frios papéis
quero sim, que minha palavra

seja apenas uma ato de amor!"




Pois é, Poesia de Silvana Menezes, poetisa paraibana, moradora de Olinda desde 1979. Mulher de fibra, que enfrentou de tudo um pouco na vida. Escreve sobre o amor e sobre a própria poesia, sem nunca titular seus poemas. Além de escrever e interpretar versos, é arte-educadora e atriz. Silvana Menezes é fundadora do projeto “Quartas Literárias”, do Centro de Cultura Luis Freire, em Olinda. Toda última quarta-feira de cada mês, poetas, músicos, e atores se reúnem neste reduto da arte, para um recital poético, que acontece há oito anos. O projeto “Quartas Literárias” tornou-se um Ponto de Cultura há 3 anos, e hoje faz parte da teia dos pontos disseminadores da cultura brasileira, dentro do programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura.



Quer mais?

Toma: http://www.interpoetica.com/silvana_menezes_gm.htm

http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=10902016388347799327

*áudio: http://www.4shared.com/file/46578018/86f9658a/POEMA_24_04_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1

terça-feira, 29 de abril de 2008

quinta-feira, 17/04/08

DESENCANTO



"Eu faço versos como quem chora

De desalento. . . de desencanto. . .

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.





Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.




E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.




- Eu faço versos como quem morre. "








Pois é, Poesia de Manuel Bandeira, intitulada “Desencanto”. Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, nasceu no recife no dia 19 de abril de 1886. Durante a vida, residiu na capital pernambucana, no Rio de Janeiro, São Paulo, e chegou, inclusive, a mudar-se para a Suíça, em busca de tratar-se da tuberculose. A doença esteve com o poeta durante 64 anos, sendo tema explícito e implícito de seus versos. A sua lira, é também povoada pela nostalgia da infância na Rua da União, onde brincava. “Carnaval”, “Cinza das Horas” e “Libertinagem” são alguns dos 14 títulos que Manuel Bandeira escreveu. O poeta de “vou-me embora pra Pasárgada” despediu-se definitivamente no dia 13 de outubro de 1968, em Botafogo, Rio de Janeiro, nos deixando poesias, prosas e inspiração.

quer mais?
toma: http://www.releituras.com/mbandeira_bio.asp
http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira.html

*áudio: http://www.4shared.com/file/46576529/3cc7b307/POEMA_17_04_2008.html?dirPwdVerified=1b9560d1

quarta-feira, 23 de abril de 2008

quinta-feira, 10/04/08



"No meu Marco a multimídia

será tema corriqueiro

teremos CD-ROM sobre

embolador, violeiro,

rezador, homem-da-cobra,

doutor-raiz e vaqueiro.



A Vida de Vitalino,

de Padim Ciço Romão

e do Capitão Pereira,

de Pinto e do Frei Damião,

Leandro, Zé Marcolino,

de Gonzaga e Lampião.



No meu Marco Cibernético

toda essa inovação

estará sempre a serviço

de uma preservação

dos nossos velhos costumes

sem ferir a tradição."





Pois é, Poesia de José Honório, trechos do cordel: "O Marco Cibernético construído em Timbaúba".
Honório nasceu no Recife em 23 de janeiro de 1963.
Dedica-se à literatura de cordel desde 1984, e seu primeiro título, publicado neste mesmo ano, é "Recife: Caranaval, Frevo e Passo.
Este renomado cordelista tem cerca de 50 títulos publicados até agora.
Em sua carreira poética a informática está presente não só nos temas dos folhetos, mas também na produção deles. Honório é um dos primeiros a utilizar os recursos da tecnologia a serviço da confecção dos cordéis .
Em 16 de abril de 2005, em conjunto com outros poetas, ele idealiza e funda a UNICORDEL: União dos Cordelistas de Pernambuco, que completa este mês 3 anos de existência e muitos recitais poéticos.



Quer mais?
toma: http://www.zehonorioblogspot.com/


*áudio: http://www.4shared.com/account/file/45930384/2ad57878/POEMA_1.html